Alguma vez, você já parou pra ouvir atentamente a história da vida de alguém? Parar sem julgar, sem interromper, sem pensar em outras coisas, sem dar palpites, apenas se concentrando em ouvir, já fez isso?
Se nunca fez ou se não faz regularmente, precisa repensar seus conceitos como empreendedora de qualquer negócio, quer seja de produtos ou serviços.
Uma das coisas que uma empreendedora melhor precisa fazer é saber ouvir. Exercitar uma escuta ativa e interessada no que o outro tem a dizer. Para atender bem seus clientes, você precisa ser uma boa ouvinte. Conhecer o que interessa ao seu publico falar e ouvir até sua história de vida, desejos e crenças limitantes. É assim, que estará mais próxima de poder atender suas necessidades.
TENHO uma HISTÓRIA BOA pra te contar. QUER OUVIR?
Conheci uma mulher muito simples, mas daquelas pessoas inesquecíveis. Ela nasceu na Paraíba, em uma família de cinco filhos. Perdeu a mãe muito cedo e passou a cuidar dos irmãos mais novos. Seu pai, casou novamente e ela sofreu muito com a madrasta que não os tratava bem. Passou boa parte da vida sozinha. Com pouco estudo, nunca trabalhou fora de seus afazeres domésticos. Apesar de ter tido uma grande paixão chamada Ulisses, que não deu certo, não teve outros namorados e nunca casou. Mas, seguindo crenças que conservava, fugia de alguém com uma vassoura, pois dizia que varrer os pés dava azar pra não casar, sonho que ela mantinha vivo pra realizar. Como muitos nordestinos fazem, migrou do nordeste para o Rio, vindo morar na casa de um irmão que havia casado e a convidou pra morar com sua família.
Essa mulher quase sem estudo tinha hábitos ousados pra época. Adorava pitar (fumar) um cigarrinho de palha feito de fumo de rolo. Gostava de perfumes e cremes para se embelezar. Não abria mão de usar brincos e tinha um gosto refinado para qualquer coisa que comprava. Sem nenhum conhecimento de quase nada, tinha um talento extraordinário para o empreendedorismo e uma habilidade com a costura invejável. Descobriu sozinha, sem nenhuma orientação, que poderia costurar e ter uma remuneração e realização pessoal. Ela começou fazendo roupas para as pessoas da família, mas logo surgiram encomendas da vizinhança.
Satisfeitas com a perfeição de peças perfeitas, com um custo mais barato, logo sua clientela aumentou. Estamos falando de um tempo em que os Shoppings não dominavam o comércio de vestuário e que as lojas de venda de tecido, eram a grande procura para os modelitos desejados.
Nas bancas de jornais e revistas, os famosos “figurinos” exibiam muitos modelos com seus moldes para as costureiras e modistas. Mas ela, era autodidata. Fazia tudo de olho, media com a fita métrica e sem nenhum molde, reproduzia roupas, que nas provas, tinham quase nada para ajustar.
Sua fama, corria a vizinhança e o boca a boca, de cada cliente que a recomendava, para suas outras amigas, era o que podemos chamar de seu melhor Marketing. Dificilmente alguém tinha qualquer reclamação, e quando isso ocorria, ela logo tratava de recompensar. Enquanto atendia, conversava estabelecendo um clima amigável. Tinham fofocas, rizadas, conversas, perguntas do que as clientes gostavam e enquanto isso ocorria, ela estava ouvindo suas clientes para melhorar seu atendimento. Era uma verdadeira pesquisa de mercado direto com o consumidor. Ela criou campanhas de descontos para encomenda de muitas peças, fazendo Inovação e organizava seu planejamento e agenda de uma forma muito simples e eficiente. Ela costurava absolutamente tudo, de terno à vestido de noiva e com isso, todas as clientes sempre voltavam. Isso podemos chamar de Fidelização por satisfação do bom resultado do seu produto final.
Seu quarto de costura, cheio de fiapos e retalhos de todos os tipos e cores, era um verdadeiro parque de diversão para suas sobrinhas e o maior pesadelo da sua cunhada. A sobrinha mais nova herdou seus dons e habilidades, fazendo com perfeição roupas de boneca, em peças minúsculas com acabamento irretocável e depois, conservou essa habilidade em coisas caseiras e artesanatos com tecido que executa com primor. Isso podemos chamar de INSPIRAÇÃO que aquela costureira transmitiu com seu bom trabalho.
Foi com essa mulher, que ouvi uma coisa que nunca mais esqueci e que serve para muitas outras coisas na vida, além da costura.
“COSTUREIRA BOA A GENTE CONHECE PELO AVESSO DA ROUPA”
Sim, o avesso da costura da Dona Carminha, era perfeito. Seu acabamento, arremates, bainhas, tudo era perfeito. Ela dizia que tinha orgulho de ser conhecida pelo avesso das suas costuras. Isso podemos chamar de FOCO no amor que dedicava ao seu trabalho. E um dia ela me falou o que sempre conservei na minha vida. “”Tem gente que é como uma costura, pelo lado de fora bonita, mas se virar do avesso é um desastre.””
Como você quer ser visto através do seu trabalho? As pessoas admirariam seu avesso? Você tem coerência em suas atitudes pela frente e por trás das pessoas, no seu trabalho?
Muitas vezes, nosso lado oculto, é o que revela o talento dedicado ao trabalho, o caráter, a honestidade, mesmo quando esta não esta à mostra, a sinceridade do que esta por trás das negociações é o legado das suas referências.
Os elogios mais valiosos, são àqueles feitos por trás de você. Aqueles que falam do seu valor sem ser para te agradar, mas porque ele realmente é o seu legado.
Aquela costureira, uma pessoa simples, quase sem nenhum estudo, empreendia num tempo do passado, com conceitos e atitudes, que perpetuaram seu legado. As costuras da Dona Carminha, deixaram saudade em muita gente, porque ela sabia se relacionar, sabia ouvir, sabia criar com perfeição, tinha amor e dedicação pelo seu trabalho a ponto de querer que seu produto fosse perfeito e valioso, até pelo avesso.
Desta forma, construímos um DIFERENCIAL. Encantamos o mercado em que atuamos. Fidelizamos o cliente e nos estabelecemos como empreendedores de sucesso. Sucesso por satisfazer seu cliente, no que ele espera de você.
Pense em como esta sendo o avesso do seu negócio. Aquela parte que ninguém vê, aparentemente, mas que pode ser uma boa referência do que você está oferecendo às pessoas.
Se alguém for consultar suas referências, auditar suas finanças, consultar seus contatos superiores e inferiores, terão boas referências de você? Como você está sendo visto pelo seu avesso, com o mesmo discurso que você faz de si mesmo e do seu empreendimento?
Dona Carminha se casou já bem idosa, com um viúvo Português. Teve sua própria casa. Foi feliz ainda por muitos anos. Deixou um belo legado e muita saudade após seus 87 anos de vida. Ela foi uma competente empreendedora em décadas onde a mulher, não tinha ainda muita autonomia, pouco conseguia ter remuneração própria no mercado de trabalho. Ela tinha bom gosto, era afetuosa, gostava de plantas, de crianças, de casa bem arrumada, de andar cheirosa e de se sentir bonita. Ela será sempre lembrada como uma pessoa muito querida e uma excelente profissional. E você, o que tem construído de bom para que seu legado seja bem lembrado?
Sonia Garcia Diretora Executiva da UNIVERSO Consultoria & Serviços.
Especialização em PNL Practitioner
Especialista em Gestão de Pessoas
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