AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ

Você já ouviu falar que o número do grau de separação entre as pessoas é 6? Você conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém que conhece você. E com as possibilidades de uso da internet esse número em breve deve diminuir. A história que vou contar é da viagem de ônibus que fizemos para o Caribe que começou por Manaus.

Ao chegarmos no Hostel em Manaus, conhecemos três espanhóis que iriam viajar pelo litoral do Brasil até o Rio de Janeiro.

Joaquim era de Cádiz, Fernando de Santa Cruz de Tenerife e Eusébio de Santiago de Compostela.

Combinamos de nos encontrar no Rio de Janeiro após a conclusão das nossas aventuras. A nossa era viajar até o Caribe de ônibus, mas de 2000 km, até as Ilhas Margaritas e a aventura  deles era primeiro de  descer o Rio Amazonas até Belém e depois chegar ao Rio de Janeiro pelo litoral do Brasil, o que daria mais de 7 mil km.

Tenho 3 alternativas para compartilhar com vocês leitores:

1-      Falar da nossa aventura até as Ilhas Margaritas;

2-      Falar da aventura deles até o Rio;

3-      Falar de como foi visitá-los nas suas cidades na Espanha!

Depois vocês podem me cobrar as outras viagens, mas hoje vou contar como foi a nossa visita a cada um deles.

Não tínhamos planos de fazer um cruzeiro e nem de visitar a Espanha, mas por conta dessa viagem ao Caribe, fizemos um mini cruzeiro para a Isla de Coche, uma ilha na Venezuela, e foi tão divertido que ao voltar para Manaus, compramos com a Manuela( que era uma agente de viagem sensacional especialista em cruzeiros), a nossa primeira viagem de cruzeiro para Europa. Compramos na verdade, nesse momento, a primeira parte da viagem que tinha duração de 14 dias.

Depois descobrimos a continuação com mais 9 dias, até a Grécia e Turquia, e então em uma outra viagem a Manaus, compramos mais esse trecho.

Quando contamos aos espanhóis dessa nossa viagem eles gostaram muito e depois de chegar a Espanha, o Fernando nos informou que uma amiga, aqui de Santos, também faria esse cruzeiro. Ele nos passou o contato dela e fomos nos comunicando, e ao encontrarmos no navio já erámos família, sim pois ela tinha parentes em comum com o meu marido e somos amigas até hoje. Anna Tiso é o nome dela. Canta muito bem e tem na veia o sangue dos Tisos. A mãe dela tinha origem espanhola. Por conta do sobrenome Tiso fomos parar na Cracóvia, mas isso vai ficar para outra história.

Em 2011 visitamos o Fernando em Tenerife, pois embarcamos em um cruzeiro no Rio de Janeiro, que teve a duração de 23 noites até Roma e uma das paradas era Santa Cruz de Tenerife, nas Ilhas Canarias. A Anna já estava conosco.  Tenerife foi a segunda parada do navio Marine of The Seas, da Royal Caribbean. O Fernando nos levou para conhecer o imponente vulcão Teide. Gente que impressionante, saímos do terreno plano e começamos a subir até a base do vulcão onde encontrarmos neve. Que lugar sensacional! Dá para ir à praia e depois esquiar. Conhecemos também a casa do Padre Anchieta, que foi um dos fundadores de São Paulo, e a rodovia que leva de São Paulo a Santos leva o seu nome. Tem até uma estátua dele na ponta da praia em Santos.

Visitamos os outros dois em 2015. Joaquin que morava em Cádiz nessa época, hoje em dia ele mora em Santiago de Compostela. Ele nos mostrou a cidade de Cádiz, Jerez de la Fronteira, El Puerto de Santa Maria, San Fernando, Tarifa, Sevilla, Santiago de Compostela, na Espanha e Tânger e Arzila no Marrocos.

Foram dias incríveis onde ele nos mostrou a culinária local, os bares e lugares típicos que deveríamos conhecer como a vinícola Tío Pepe, onde todos os dias um funcionário coloca uma escadinha numa taça de vinho xerez e oferece a um ratinho.

E por último visitamos o Eusebio em Santiago de Compostela. Ele igualmente aos demais foi muito atencioso. Conhecemos a mãe dele que era uma gracinha e gostava muito de conversar e ela tinha uma pata de presunto que cortava bem fininho para nos oferecer. O Joaquin tinha família por lá e também nos acompanhou nessa viagem. Nos levou para comer um polvo maravilhoso no restaurante El 42.

Ele nos levou na praça do Obradoiro, onde fica a Catedral de Santiago de Compostela, final da caminhada dos peregrinos do Caminho de Santiago. Quando eles chegam as reações são muito diversas: uns chegam calados, outros chorando, alguns se abraçam, mas sempre estão muito emocionados, pois tem a certeza do dever cumprido, é sensacional.

Nos levou também para conhecer o Parque da Alameda onde fica a estátua das Duas Marias, que representam duas irmãs muito maquiadas e com roupas coloridas que saiam pontualmente as 14 horas para passear na praça onde os universitários ficavam por volta da hora do almoço.

Como diz o título “as voltas que o mundo dá”. Conheci um espanhol em Manaus que conhecia a Anna que mora em Santos e que é parente de alguns parentes do meu falecido marido em Minas Gerais. Uma coisa que o meu marido sempre perguntava ao começar uma conversa era se a pessoa era parente dele, e no final se não fosse parente sempre tinha um conhecido em comum.

Nessa mesma linha de raciocínio, conhecemos o Albino em uma padaria em Mangaratiba esperando a barca para a Ilha Grande, e depois fomos visita-lo no Porto em Portugal.

Ao sair de casa esteja disposta a conhecer verdadeiramente pessoas. Você pode se surpreender quando dá oportunidade aos outros. Eu sempre levo um cartão de visitas e um caderninho para anotar os contatos. Além de fazer novos amigos podemos construir uma rede de networking poderosa, e assim ajudaremos a todos que precisarem de uma indicação de confiança.

Além da Anna conheci muitas outras pessoas fantásticas, que graças à internet, que continuam em contato após anos do nosso primeiro encontro em viagens.