MINHAS ESCOLHAS

Por Geceli Terezinha Astolfi Vivan

 

Olá Mulheres Maravilhosas !

 

Quando eu era pequena, me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, e

minha resposta era “mãe de criança”.

 

Quando tinha meus 16 para 17 anos e estava apaixonada por meu primeiro namorado, o meu sonho era fazer e viver em qualquer lugar, desde que fosse com o príncipe.

Aos 19/20 a diplomacia e a possibilidade de viajar o mundo representando o País, fazia meus olhos brilharem.

Mas os príncipes vão virando sapos de novo, a gente vai crescendo, aprendendo, estudando e descobre que Os sonhos mudam, se adaptam e se renovam;

E a menina que só queria ser mãe de criança, virou mãe(e realmente é muito bom ser mãe de criança) mas não parou aí, virou universitária, empresária, professora, consultora e…quando pôde, resgatou um sonho antigo com outra roupagem;

Aos quase 50 anos migrei para a Itália e depois para Portugal. Nem tudo foi fácil, meu planejamento falhou muitas vezes, a saudades de casa e da família provocaram algumas lágrimas, e a falta do “universo conhecido” colocou em cheque meus objetivos, mais de uma vez.

Hoje, passados 5 anos da minha saída do Brasil, sou empresária em Portugal e a minha vivência acadêmica me permitiu ter a experiência e conhecimento diferenciados para criar a Em Portugal Consultoria – Ingressos e reconhecimentos acadêmicos. Onde ajudo estudantes e profissionais com formação no Brasil e virem viver em Portugal e na Europa.

Continuo me reinventando e agora vou virar advogada. Ingressei Na Faculdade de direito da Universidade de Lisboa. Rankeada como a melhor faculdade de direito de Portugal e entre as 100 melhores do mundo.

Conto um pouco da minha história por que muitas vezes ouvi frases e palavras limitadoras, mesmo quando eram expressões de afeto. Mas que sabotaram momentaneamente as minhas iniciativas. Muitas vezes precisei encontrar forças

dentro de mim para não deixar aquela “vozinha dentro da minha cabeça que dizia que isso não era para mim” me dominar. Por que a briga comigo mesmo  sempre foi a mais difícil.

Então entendo quando você se fragiliza, quando se sente impotente, quando chora, quando acha que não pode, quando bate na parede e acha que tudo acabou. Todo mundo passa por isso. Mas isso não define quem você é. Isso é ser humano. Como você enfrenta as situações é que mostra o tipo de pessoa que você se tornou.

Lembro que eu era consultora do Sebrae e viajava muito para o interior e em um dos municípios que trabalhei havia um senhor que me dizia “ como pode uma mulher tão bonita não ter dono”. Eu brincava e relevava o comentário recorrente. Pois por mais que me desagradasse, fazia parte da cultura dele imaginar que uma mulher só seria feliz se tivesse um homem que a amparasse. E era de forma carinhosa que ele

imaginava que eu precisava de um “dono”.

 

Não sou passional e afrontadora. Não acredito que precisamos nos impor pelo grito, pela força, por quotas ou por qualquer outra forma que nos faça “ganhar de bandeja” algo que não lutamos para conquistar. Tudo que se ganha sem luta e merecimento não se valoriza. E sou daquela teoria “ se você quer mudar o mundo, comece arrumando a sua cama”. Meu filho que o diga.

Dizem que o diabo é sábio ,não por que é diabo, mas por que é velho, então vem-me uma outra lembrança, de quando fui aprovada no processo seletivo para ser consultora do Sebrae do RGS. Idos dos anos 2000. Nas reuniões de consultores, juntavam-se 150 a 200 pessoas. Éramos menos de 5% de mulheres , e no início eu era uma das únicas da área de marketing. No ano de 2010, o número de mulheres já era muito maior do que o de homens. Sem quotas, sem imposição, mas sim por que as mulheres desejaram estar lá. Se prepararam para isso e foram a luta.

Desculpe-me se ofendo alguém. Vivemos em um momento que a opinião de quem pensa diferente fere suscetibilidades.  Mas como existe liberdade de expressão, sou livre para não me deixar barrar pelo que os outros pensam. Eu nunca teria saído do interior do Rio grande do Sul se a opinião alheia ditasse minha forma de ser e viver.

Você pode abrir mão dos seus sonhos, mas isso precisa ser uma opção que não lhe gere mágoas, que não te faça olhar para trás e pensar que queria ter pego a outra estrada e não teve coragem. É claro que sempre pensaremos em o que teria acontecido se tivéssemos tomado o outro caminho, mas isso deve transitar em seus pensamentos com saudosismo e não com dor.

Nada contra quem decidiu casar, ter filhos e viver no interior. Ou não casar, não ter filhos e viver com os pais a vida inteira, ou qualquer outra configuração de vida que se apresente. Só não podemos fazer o papel da vítima, “de coitadinhas” este papel já não nos serve e só alimenta o medo e o conformismo. Não é fácil para ninguém seguir seus sonhos. Sempre haverá alguém dos seus relacionamentos que tem sonhos e objetivos diferentes dos seus. Pode-se encarar a divergência como rocha, confrontando, ou como água, contornando. O fato é que não podemos culpar ninguém por nossas escolhas, seja a de ir, seja a de ficar.

A certeza que tenho é que, qualquer uma de nós mulheres, pode ser e fazer o que quiser, desde que esteja disposta a pagar o preço das escolhas e tomar as rédeas de seu próprio destino.

Geceli Terezinha Astolfi Vivan : CEO da Em Portugal Consultoria, empresa que atua no Reconhecimento de títulos superiores e ingressos em Licenciatura, mestrado e doutorado em Portugal. 

CEO da  Startup  CAS – Curriculum Analysis System. Uma Plataforma em Inteligência Artificial que realiza a compatibilização de conteúdos acadêmicos e está em fase de financiamento pré-seed. 

Formação em comunicação social, especialização em Marketing e Relações Internacionais, acadêmica de direito

www.emportugalconsultoria.com.br

Intercâmbio Brasil Europa – [email protected]

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