EU APRENDO MELHOR INGLÊS TENDO AULAS COM UM NATIVO?

Por Mônica Bastos

Essa é uma das perguntas que ouço com mais frequência no que diz respeito ao ensino-aprendizaem da língua inglesa. É uma dúvida legítima de alunos e pessoas interessadas em aprender inglês. Será que aprendo mais rápido se estudar com um nativo? Será que terei uma pronúncia melhor se meu professor(a) for um nativo?

A resposta para essa pergunta é: se você é iniciante, que vai começar a aprender o inglês do zero, ou se você é nível básico, não! Definitivamente aprender inglês com um nativo não é a melhor opção para você.

A explicação é simples e baseia-se em três situações hipotéticas para refletirmos: primeiro, digamos que você tem um filho, uma filha, um neto, ou neta, e essa criança tem por volta de 6, 7 anos e vai ser alfabetizada. A escola do seu filho(a), neto(a), contrataria um padeiro para ensinar essa criança a ler e escrever? Ou uma policial? Um advogado? Uma dentista? Médica? Ou será que a escola preocuparia-se com a formação especializada desse profissional? Uma professora de classe de alfabetização precisa ser, sempre, uma afabetizadora!

Vamos a mais uma situação: durante a pandemia, as crianças e adolescentes tiveram ( algumas continuam tendo ) aulas on-line, em casa. Você se sentiu apto(a) a ensinar todo o conteúdo ao seu filho(a) sem a ajuda do professor(a)?

E mais uma situação real para pensarmos sobre a questão: você é um(a) nativo(a) da língua portuguesa, certo? Teoricamente, você fala o português corretamente, entende tudo, não sente dificuldades para expressar-se na língua. Digamos que um americano(a) chegue ao Brasil e lhe peça para dar aulas de português para ele(a)… Você sente-se seguro(a) para esse desafio? Conseguiria ensinar o português desde o nível básico iniciante, explicando todas as regras gramaticais, as conjugações de todos os tempos verbais ( desde o presente do indicativo até o pretérito-mais-que-perfeito, passando pelo subjuntivo e imperativo ), conseguiria ensinar os usos de todas as estruturas da língua portuguesa, de modo que o americano(a) consiga entender e falar o português corretamente?

Pois bem, é mais ou menos isso que acontece quando você contrata um nativo para ter aulas de inglês ( salvo algumas raras exceções ): o professor nativo, na maioria das vezes, não tem formação de professor. Ele é um músico, um vendedor, um mecânico, um engenheiro, um biólogo, um taxista, um entregador de I-food, etc, que veio morar no Brasil. Geralmente, esse nativo chegou ao Brasil em busca de outras oportunidades em sua área, mas acaba dando aulas de inglês, por falar a língua fluentemente e por necessitar de um trabalho.

Infelizmente ( ou felizmente! ), falar a língua fluentemente não é o suficiente para ser professor. Caso contrário, como já vimos antes, todo brasileiro estaria apto a ensinar o português em nossas escolas. Além disso, quem nos garante que o inglês ou americano nativo fala o inglês sem cometer erros? Quantos brasileiros você conhece que falam o português errado, apesar de serem nativos e fluentes?

Portanto, para o aluno iniciante, a melhor opção é sempre o professor de inglês, brasileiro, com formação especalizada. Esse professor cursou cinco anos de faculdade de Letras, ele tem entre 6 e 8 anos de cursinho de inglês ( às vezes até mais ), e muitos deles têm um certificado internacional de proficência na língua inglesa. Isso significa que esse profissional preparou-se para ensinar, ele teve aulas de didática e dinâmica de sala de aula ( para aprender a ensinar ), ele estudou a fundo as estruturas gramaticais da língua, não só para sabê-las, mas para passá-las para o aluno com paciência e assertividade.

Se você vai começar os seus estudos de inglês, a preocupação com a formação do profissional que vai lhe ensinar é primordial, pois essa decisão fará uma grande diferença lá na frente.  

Porém, depois que você já passou por essa fase inicial de aprendizagem e já domina a  língua, se está no nível avançado, ou ao menos no nível intermediário alto ( o que chamamos de high intermediate ), a opção por um professor nativo pode ser uma ótima ideia! Nesse nível, você irá apenas expandir o seu vocabulário, vai aprender umas gírias e expressões coloquiais ( e ninguém melhor do que o nativo para isso ) e vai praticar conversação para evoluir com o seu inglês. Nesse caso, a situação muda de figura e você pode tirar várias vantagens de interagir com um falante nativo da língua.

Para concluir, antes de tomar a sua decisão, sempre é aconselhável listar seus objetivos com a aprendizagem do inglês ( para quê eu preciso? Viagem, trabalho, realização pessoal…), de que nível você vai partir para começar seus estudos hoje ( Sou iniciante? Não entendo nada? Não falo nada? Já estudei antes e quero fazer um teste de nivelamento para saber o meu nível ) e por fim, se o nativo, nesse seu momento de vida, vai facilitar ou atrapalhar o seu processo de aprendizagem. 

Tudo tem a hora certa e, em breve, você se sentirá muito mais seguro para praticar o inglês que você já tenha aprendido, interagindo com um nativo. E aí sim, o foco será a conversação, que irá melhorar – e muito – a sua fluência.

 Mônica Bastos: Sou professora de inglês, coordenadora pedagógica, mãe, empreendedora, diretora do curso Popular English e uma eterna entusiasta com o ensino/ aprendizado do inglês de forma espontânea, lúdica e natural. Formada em Letras ( português e inglês ) pela Universidade Federal Fluminense, RJ; e também com certificações internacionais, tais como: Proficiência na Língua Inglesa, Universidade de Michigan, EUA; Tesol certificate, Universidade de Vermont, EUA; Oxford Teachers’ Academy, Universidade de Oxford, Inglaterra, tenho mais de 20 anos de experiência no ensino de inglês em renomadas escolas e tradicionais cursinhos do Rio de Janeiro. Atuei como professora, coordenadora de área e coordenadora pedagógica geral, e implantei e supervisionei sistema bilíngue em escolas, da educação infantil ao ensino médio. Em 2017, inaugurei o Popular English com o objetivo de tornar o ensino de inglês acessível, levando-o ao maior número de pessoas. Desde então o curso vem democratizando o ensino de inglês no Rio de Janeiro. Em 2019 abracei a causa das pessoas com deficiência e iniciei o lindo projeto “English for Blind Learners”, ministrando aulas de inglês para o público de cegos e deficientes visuais, com material didático em braille e um projeto pioneiro e inovador. Essa é minha maior realização! Atualmente, trabalho na direção do Popular English, oferecendo aulas on-line, com professor ao vivo em tempo real, e a metodologia vem transformando a vida de muitos alunos, abrindo portas para oportunidades de estudos, trabalho, e para realizações pessoais. A metodologia do Popular English inclui ( além de material didático de qualidade, professores especializados e atividades dinâmicas ), o acolhimento ao aluno(a) com empatia, entendendo suas dificuldades e bloqueios e caminhando junto com ele(a) na superação, transformando esses medos em resultados positivos na aquisição da nova língua.

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