A CASA QUE CURA

Por Cristina Guimarães

Sou arquiteta, apaixonada por tudo de casa, e como tal acho a Casa o melhor lugar do Mundo.  Pude perceber neste último ano que as pessoas, e até eu mesma, passaram a olhar a casa a partir de uma nova perspectiva. Percebi que ela tem o dom de nos curar e que, esta cura, vem primeiro de dentro de nós mesmas, e se materializam quando percebemos que devemos cuidar de nosso lugar de acolhimento e de abraços. 

Confesso que tinha dificuldades de ficar muito tempo dentro de Casa, adorava bater perna, ter vida social intensa, com mil trabalhos, rotinas exaustivas. Mas a pandemia me obrigou a parar, ficar no mesmo lugar, e, então, comecei a ver a casa de forma terapêutica. 

Ela passou a ser, literalmente, meu templo sagrado, meio clichê, sem dúvidas, mas nela achei meu lugar de segurança e conforto. E com toda avalanche de novas maneiras de viver, consegui malhar, plantar, cozinhar e limpar cada cantinho.  E assim, fui me conectando de uma forma que nunca havia sentido. Surgiu uma relação forte e cheia de sentidos. Mudei móveis de lugar, comprei móveis, pintei a casa, montei meu ateliê de cerâmica, bem pequeno, mas de muito significado, enfim, pude ver o Universo que podemos encontrar num simples apartamento. Ah, e aprendi a meditar e respirar, tão básico, mas que não conseguia fazer por nada neste mundo.   

E você, o que tem feito pela sua casa? E por você? Tem aproveitado seu tempo? Estudado? Dançado? Tem olhado menos a TV e olhado mais para as suas reais necessidades?

Aproveitei este tempo para estudar e me reciclar. Tenho participado de palestras, cursos e lido muito a respeito deste novo jeito de morar, e hoje percebi o porquê voltei para a arquitetura depois de 27 anos. Era para isto, para fazer das casas o melhor lugar do Mundo, e não uma vitrine. O que eu vinha dizendo há dez anos ganhou forças de uma forma que eu nunca poderia ter imaginado. Lembre-se:  sua casa deve expressar suas cores, suas memórias, deve ter peças de afeto e de profundo vínculo com o seu coração. Sem isto tudo, não podemos chamar nossas casas de lar.  

Faça a revolução dentro e fora, não perca tempo. A Pandemia e seu tempo longo nos permitiu isto. Busque ideias na internet, Instagram, youtube e coloque em prática o que estiver em suas mãos, da melhor maneira que puder. O bem-feito é melhor do que o perfeito.  Coloque na sala o seu perfume preferido, na sua cozinha os temperos de sua mãe e de sua avó, nas paredes um bordado de uma toalha que se foi com o tempo, mas que você quer eternizá-la. Enfim, este espaço deve retratar você e sua família. 

Um ponto importante é você tirar tudo que você não gosta da mira do seu olhar. Se livra do que não te faz bem. O que estiver quebrado, conserte ou doe para alguém que ainda precise. Esvazie seu armário e desentulhe prateleiras e gavetas de coisas que percebemos não serem mais úteis. Deixe o ar entrar e renovar cada metro quadrado da casa, e ela vai respirar sem ajuda de aparelhos, o que é muito bom para o momento atual.

Enfim, quando nos movimentamos o mundo nos retorna com muitas possibilidades. Estamos na hora de agir, de mudar o mundo e nossas vidas. E nada como um período dentro de casa para nos dar esta oportunidade. E que sejamos leves, soltas e, acima de tudo, positivas, pois o momento é para aproveitarmos as oportunidades que a vida nos dá.

Que venham novos ventos para as nossas CASAS.

Gostou? 

Cristina Guimarães: Iniciei meu interesse em ser arquiteta frequentando a casa de um tio de consideração. Comecei, eu e minha prima, a fazer as primeiras maquetes com caixas de fósforo e a partir daí surgiu o encantamento. Aos 13 anos pedi para minha avó me levar à Brasília para conhecer as obras do Oscar Niemeyer e depois disto, nunca mais mudei de idéia. Fiz faculdade de Arquitetura na UFRJ e era uma ótima aluna, terminando o curso entre as dez primeiras colocadas. Ao me formar me deparei com um mercado retraído e como queria casar decidi depois de um ano em fazer um curso para virar Analista de Sistemas, pois era o que estava na moda. Formei-me e consegui meu primeiro emprego numa indústria, grávida de três meses, e foi então que pensei: este deve ser o caminho, pois as portas estão sendo abertas. Fui trabalhando em Sistemas, mas paralelamente acompanhava tudo em relação à arquitetura e decoração. Fazia projetos de móveis aqui e acolá e ajudava os amigos no que podia. Até que um dia fiz uma Mostra de Decoração Morar Mais por Menos com minha prima e aquilo balançou minhas estruturas. Fiquei alucinada e apaixonada, e logo depois fui demitida da empresa que estava há dez anos. Então pensei: acho que está na hora de mudar para o que eu realmente amo.

Voltei a trabalhar com a minha paixão depois de 25 anos na área de TI. Voltei para os bancos escolares e fui fazer uma Pós-graduação para me inserir na profissão novamente e voltei a trabalhar com paixão e muita fé de que iria conseguir realizar o meu desejo. Voltei faz cinco anos, mas percebo que gosto muito de contribuir com os meus clientes, para que o meu trabalho lhes dê a percepção de que estamos construindo juntos, um lar, uma casa aconchegante e de muito bem-estar. Gosto de projetos realizados a quatro mãos, não importa se estamos na moda, se vou sair na revista, meu único objetivo é construir e decorar o espaço tão sonhado, e que é tão possível.

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